sexta-feira, 19 de junho de 2015

CRÔNICA


J
Professora : Thaynã Lustosa - Disciplina: Língua Portuguesa       Série : – 8º ANO

º atividade  1º bimestre

1.      Leia com bastante atenção a crônica  e em seguida responda às questões a ela referente. Boa leitura.

O Homem que conheceu o amor.
Do alto de seus oitenta anos,  me disse: “na verdade, fui muito amado.” E dizia isto com tal plenitude como quem dissesse: sempre me trouxeram flores, sempre comi ostras à beira-mar.
Não havia arrogância em sua frase, mas algo entre a humildade e a petulância sagrada. Parecia um pintor, que, olhando o quadro terminado, assina seu nome embaixo. Havia certo fastio em suas palavras e gestos. Se retirava de um banquete satisfeito. Parecia pronto para morrer, já que sempre estivera pronta para amar.
Se eu fosse rei ou prefeito teria mandado ergue-lhe uma estátua. Mas, do jeito que falava, ele pedia apenas que no seu túmulo eu escrevesse: “aqui jaz um homem que amou e foi muito amado”.
 E aquele homem me confessou que amava sem nenhuma coerção. Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo. Ele que tinha algo a me oferecer. Foi muito diferente daqueles que não confessam seus sentimentos nem mesmo debaixo de um “pau de arara”: estão ali se afogando de paixão, levando choques de amor, mas não se entregam. E no entanto, basta-lhes a ficha que está tudo lá: traficante ou guerrilheiro do amor.
Uns dizem: casei várias vezes. Outros assinalam: fiz vários filhos. Outro dia li numa revista um conhecido ator dizendo: tive todas as mulheres que quis. Outros ainda, dizem: não posso viver sem fulana (ou fulano). Na Bíblia está que Abraão gerou Isaac, Isaac gerou Jacó e Jacó gerou as doze tribos de Israel. Mas nenhum deles disse: “Na verdade, fui muito amado”.
Mas quando do alto de seus oitenta anos aquele homem desfechou sobre mim aquela frase, me senti não apenas como o homem que quer ser engenheiro como o pai. Senti-me um garoto de quatro anos, de calças curtas, se dizendo: quando eu crescer quero ser um homem de oitenta anos que diga: “amei muito, na verdade, fui muito amado.” Se não pensasse nisto não seria digno daquela frase que acabava de me ser ofertada. E eu não poderia desperdiçar uma sabedoria que levou 80 anos para se formar. É como se eu não visse o instante que a lagarta se transformara em libélula.
Ouvindo-o, por um instante, suspeitei que a psicanálise havia fracassado; que tudo aquilo que Freud sempre disse, de que o desejo nunca é preenchido, que se o é, o é por frações de segundos, e que a vida é insatisfação e procura, tudo isto era coisa passada. Sim, porque sobre o amor há várias frases inquietantes por aí... Bilac nos dizia salomônico: “eu tenho amado tanto e não conheci o amor”. O Arnaldo Jabor disse outro dia a frase mais retumbante desde “Independência ou morte” ao afirmar: “o amor deixa muito a desejar”. Ataulfo Alves dizia: “eu era feliz e não sabia”.
Frase que se pode atualizar: eu era amado e não sabia. Porque nem todos sabem reconhecer quando são amados. Flores despencam em arco-íris sobre sua cama, um banquete real está sendo servido e, sonolento, olha noutra direção.
Sei que vocês vão me repreender, dizendo: deveria ter nos apresentado o personagem, também o queríamos conhecer, repartir tal acontecimento. E é justa a reprimenda. Porque quando alguém está amando, já nos contamina de jasmins. Temos vontade de dizer, vendo-o passar - ame por mim, já que não pode se deter para me amar a mim. Exatamente como se diz a alguém que está  indo à Europa: por favor, na Itália, coma e beba por mim.
Ver uma pessoa amando é como ler um romance de amor. É como ver um filme de amor. Também se ama por contaminação na tela do instante. A estória é de outro, mas passa das páginas e telas para a gente.
Todo jardineiro é jardineiro porque não pode ser flor.
Reconhece-se a 50m um desamado, o carente. Mas reconhece-se a 100m o bem amado. Lá vem ele: sua luz nos chega antes de suas roupas e pele. Sim, batem nas dobras de seu ser. Pássaros pousam em seus ombros e frases. Flores estão colorindo o chão em que pisou.
O que ama é um disseminador. Tocar nele é colher virtudes. O bem amado dá a impressão de inesgotável. O bem amado é uma usina de luz. Tão necessário à comunidade, que deveria ser declarado um bem de utilidade pública.
Affonso Romano de Sant’Anna

Dialogando com o texto

1.O tema da crônica lida é o amor e o comportamento das pessoas bem amadas. Segundo o texto “reconhece-se o desamado a 50 metros e o bem amado a 100 metros.” O que você entendeu por isso? Explique essa diferença.

2. Leia. “Sinos batem nas dobras de seu ser. Pássaros pousam em seus ombros e frases. Flores estão colorindo o chão em que pisou.” – Agora responda o que essas construções semânticas sugerem sobre a pessoa bem-amada?

3..Nessa crônica, o autor utiliza frases (sobre o amor ) escritas por outras pessoas. Escolha uma dessas frases (a que você mais gostou) e comente-a.

4. Uma das características do gênero crônica é levar o leitor afazer  uma reflexão sobre algo da vida  cotidiana. Você acha que a leitura dessa crônica despertou em você uma nova compreensão sobre o valor de amar? Que reflexão  pode ser feita sobre o ato de amar? Justifique sua resposta

5. Nesta crônica, o autor exalta a sabedoria de um senhor de 80 anos. Qual das frases expressa essa sabedoria?
(  ) Reconhecer que amou muito.
(  ) Reconhecer que amar é fundamental.
(  ) Reconhecer que amou e foi muito amado.

.6.Observe as frases a baixo e responda o que se pede:
a. O amor é uma das coisas mais belas desse mundo!
- Sujeito: ____________________________________
- Núcleo do sujeito: ____________________________
- Tipo de sujeito: ______________________________

b. Andavam no campo florido vacas, ovelhas e cachorros.
- Sujeito: _____________________________________
- Núcleo do sujeito: _____________________________
- Tipo de sujeito: _______________________________

c. Estamos preocupados com a seca no Nordeste.
- Sujeito: _______________________________________
- Predicado: _____________________________________
- Tipo de sujeito: _________________________________

d.. Vende-se esta casa!
- Tipo de sujeito: _________________________________

e. Fez muito frio essa noite na minha cidade.
- Tipo de sujeito: _________________________________

7.Justifique por que essa frase é uma Oração sem Sujeito: Haverá dias que você se sentirá muito feliz!”

a.                  Não é possível identificar o verbo.
b.                 O verbo - Haver - no sentido de “existir”.
c.                  O sujeito da oração é - muito feliz!
d.                 O sujeito está indeterminado





Exercício de Verificação de Aprendizagem 1ºBimestre

1.Leia com bastante atenção à seguinte crônica , em seguida responda às questões propostas. Boa leitura! (1.0)



Tatuagem
(Enfermeira inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo para não proceder a manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca. Mundo Online, 4.fev.2003)
    Ela não era enfermeira (era secretária), não era inglesa (era brasileira) e não tinha 78 anos, mas sim 42: bela  mulher, muito conservada. Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa. Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia. O homem não comentou: perguntou apenas o que era para ser tatuado.
   - É bom você anotar -disse ela- porque não será uma mensagem tão curta como essa da inglesa.
 Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar.
- "Em caso de que eu tenha uma parada cardíaca" -ditou ela-, "favor não proceder à ressuscitação"
Uma pausa, e ela continuou: - "E não procedam à ressuscitação, porque não vale a pena. A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos."
     Ele continuou escrevendo, sem dizer nada. Era pago para tatuar, e quanto mais coisas tatuasse, mais ganharia.
    Ela continuou falando. Agora voltava à sua infância pobre; falava no sacrifício que fora para ela estudar.   Contava do rapaz que conhecera num baile de subúrbio, tão pobre quanto ela, tão esperançoso quanto ela.  Descrevia os tempos de namoro, o noivado, o casamento, o nascimento dos dois filhos, agora grandes e morando em outra cidade. Àquela altura o tatuador, homem vivido, já tinha adivinhado como terminaria a história: sem dúvida ela fora abandonada pelo marido, que a trocara por alguma mulher mais jovem e mais bonita. E antes que ela contasse sua tragédia resolveu interrompê-la.                  Desculpe, disse, mas para eu tatuar tudo que a senhora me contou, eu precisaria de mais três ou quatro mulheres.  Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde. Depois, convidou-a para tomar alguma coisa num bar ali perto.
Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão muito bem. Ela sente um pouco de ciúmes quando ele é procurado por belas garotas, mas sabe que isso é, afinal, o seu trabalho. Além disso, ele fez uma tatuagem especialmente para ela, no seu próprio peito. Nada de muito artístico, o clássico coração atravessado por uma flecha, com os nomes de ambos. Mas cada vez que ela vê essa tatuagem, ela se sente reconfortada. Como se tivesse sido ressuscitada, e como se estivesse vivendo uma nova, e muito melhor, existência.


(Moacyr Scliar, Folha de S. Paulo, 10/03/2003.)
O escritor Moacyr Scliar escreve às segundas-feiras, nesta coluna, um texto de ficção baseado em matérias publicadas no jornal.
Interagindo com o texto

2.O trecho da crônica que mostra que o cronista inspirou-se em um fato real é

(A) a notícia, retirada da Internet, que introduz a crônica.
(B) as manobras de ressuscitação praticadas pelos médicos.
(C) a reprodução da conversa entre a secretária e o tatuador.
(D) a história de amor entre a secretária e o tatuador.

3. A protagonista do texto procura um tatuador. Explique o motivo dessa procura e que tipo de tatuagem ela desejava fazer.

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4.O fato gerador do conflito que constrói a crônica é a secretária:

(A) ser mais jovem que a enfermeira da notícia.
(B) concluir que a vida não vale a pena.
(C) achar romântica a história da enfermeira
(D) ter se envolvido com o tatuador.

5.Um trecho do texto que expressa uma opinião é:

(A) “Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa.”
(B) “O homem não comentou; perguntou apenas o que era para ser tatuado.”
(C) “A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos.”
(D) “Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde.”

6.O trecho do texto que retrata a consequência após o encontro da secretária com o
tatuador é

(A) “Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia”.
(B) “Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar”.
(C) “E antes que ela contasse a sua tragédia resolveu interrompê-la”.
(D)” Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem”.

7. Observando as atitudes e as opiniões da moça, caracterize (fisicamente e psicologicamente )  com o máximo de   detalhes  à personagem.  ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________


8.Observe os verbos e identifique os sujeitos das frases e depois  relacione as colunas identificando-os .
a ) O Tatuador e  a secretaria  vivem um belo romance.                    (       ) Simples
 b) Moacyr Scliar é um excelente cronista!                                           (       ) Composto
c) Achamos que tatuagem não muda caráter  !                                 (      )    Indeterminado
d) Faz nove anos que a crônica foi escrita .                                       (      ) Desinencial

e) Comenta-se  muito sobre pessoas tatuadas .                                 (       )   Sujeito Inexistente                                                                                                                             

“O verdadeiro analfabeto é aquele que aprendeu a ler e não lê ! ”Mário Quintana  Bom trabalho!


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