sexta-feira, 19 de junho de 2015

MODERNISMO






Risco

Um poema livre
da gramática, do som
das palavras
livre
de traços

Um poema irmão
de outros poemas
que bebem a correnteza
e brilham
pedras ao sol

Um poema
sem o gosto
de minha boca
livre da marca
de dentes em seu dorso
Um poema nascido
nas esquinas nos muros
com palavras pobres
com palavras podres
e
que de tão livre

traga em si a decisão
de ser escrito ou não

DITIRAMBO
Meu amor me ensinou a ser simples
Como um largo de igreja
Onde não há nem um sino
Nem um lápis
Nem uma sensualidade



Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro


Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
-Sois cristão?
-Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
-Sim pela graça de Deus
Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval


O capoeira
— Qué apanhá sordado?
— O quê? —
Qué apanhá?

Pernas e cabeças na calçada.



        












ATIVIDADES





(Enem/2006)

Erro de Português 

Quando o português chegou 
Debaixo de uma bruta chuva 
Vestiu o índio 
Que pena! 
Fosse uma manhã de Sol 
O índio tinha despido 
O português 
Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. 

O primitivismo observável no poema acima, de Oswald de Andrade, caracteriza de forma marcante 
A) o regionalismo do Nordeste 
B) o concretismo paulista 
C) a poesia Pau-Brasil 
D) o simbolismo pré-modernista 
E) o tropicalismo baiano. 


Descrição: MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o culpado de tudo.  27 set.2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: Prof. Gráfica. 2012. (Foto: Reprodução)MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o culpado de tudo. 27 set.2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: Prof. Gráfica. 2012. (Foto: Reprodução)

O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem : 

a ) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.
b) forma clássica da construção poética brasileira.
c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol
d) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética
e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.


9) (Mack-2007) Considere as seguintes afirmações acerca
da poesia modernista brasileira.
I. Valorizou a concepção idealizada da figura
feminina.
II. No tratamento de alguns temas, manteve um
diálogo irreverente com a tradição literária.
III. Recuperou a imagem da “mulher fatal”,
enaltecida pelos clássicos, mas em versos livres e brancos.
IV. Adotou uma linguagem prosaica, cujo ritmo
fluente revela a marca da oralidade.
Assinale:

a) se apenas I estiver correta.
b) se apenas IV estiver correta.
c) se apenas I e III estiverem corretas.
d) se apenas I e IV estiverem corretas.
e) se apenas II e IV estiverem corretas.










(ENEM) “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
[...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974)
Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
Critica o lirismo louco do movimento modernista.
b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) Propõe o retorno do movimento romântico.
e) Propõe a criação de um novo lirismo.




O poema que segue é de Oswald de Andrade. Assim, sua tarefa consistirá em analisá-lo, tendo em vista, obviamente, que ele, assim como muitos outros, pertenceu à era modernista, posicionando-se firmemente diante de todo um contexto, seja esse, político, histórico e econômico. Não se esqueça de que, ao enfatizar tais características, ajuste-as a cada verso:
Verbo crackar

Eu empobreço de repente

Tu enriqueces por minha causa
Ele azula para o sertão
Nós entramos em concordata
Vós protestais por preferência
Eles escafedem a massa.
Sê pirata
Sede trouxas

Abrindo o pala
Pessoal sarado
Oxalá eu tivesse sabido que esse verbo era irregular.





( Enem 2013)
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
[...]
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).

                                     
A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador
a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens.
b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem.
c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.
d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas.
e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.

Descrição: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/thumb/b/b8/Anita_Malfatti_-_A_Estudante.jpg/200px-Anita_Malfatti_-_A_Estudante.jpg

(Enem/2010) Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas 
A) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e os temas nacionais. 
B) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação artística nacional. 
C) representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática educativa. 
D) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à tradição acadêmica. 
E) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados.

(Enem- 2013)

A diva
Vamos ao teatro, Maria José?
Quem me dera,
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha,
tou podre. Outro dia a gente vamos.
Falou meio triste, culpada,
e um pouco alegre por recusar com orgulho.
TEATRO! Disse no espelho.
TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
TEATRO! E os cacos voaram
sem nenhum aplauso.
Perfeita.
PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.

Os diferentes gêneros textuais desempenham funções
sociais diversas, reconhecidas pelo leitor c

om base em
suas características específicas, bem como na situação
comunicativa em que ele é produzido. Assim, o texto A diva

A) narra um fato real vivido por Maria José.
B) surpreende o leitor pelo seu efeito poético.
C) relata uma experiência teatral profissional.
D) descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora.
E) defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral.











(UNIFESP) Leia o texto a seguir e responda à questão.
Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem — ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! — é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco — é alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido. Este caso — por estúrdio que me vejam — é de minha certa importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor, assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava por ela — já o campo! Ah, a gente, na velhice, carece de ter uma aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças — eu digo. Pois não é o ditado: “menino — trem do diabo”? E nos usos, nas plantas, nas águas, na terra, no vento... Estrumes... O diabo na rua, no meio do redemunho...(Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas.)
O texto de Guimarães Rosa mostra uma forma peculiar de escrita, denunciada pelos recursos lingüísticos empregados pelo escritor. Dentre as características do texto, está:
(A) o emprego da linguagem culta, na voz do narrador, e o da linguagem regional, na voz da personagem.
(B) a recriação da fala regional no vocabulário, na sintaxe e na melodia da frase.
(C) o emprego da linguagem regional predominantemente no campo do vocabulário.
(D) a apresentação da língua do sertão fiel à fala do sertanejo.
(E) o uso da linguagem culta, sem regionalismos, mas com novas construções sintáticas e rítmicas


(ENEM-2012)
Logia e mitologia
Meu coração
de mil e novecentos e setenta e dois
já não palpita fagueiro
sabe que há morcegos de pesadas olheiras
que há cabras malignas que há
cardumes de hienas infiltradas
no vão da unha na alma
um porco belicoso de radar
e que sangra e ri
e que sangra e ri
a vida anoitece provisória
centuriões sentinelas
do Oiapoque ao Chuí.

CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
O título do poema explora a expressividade de termos  que representam o conflito do momento histórico vivido
pelo poeta na década de 1970. Nesse contexto, é correto  afirmar que :
a) O poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso.
b) “morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as vítimas do regime militar vigente.
c) o “porco”, animal difícil de domesticar, representa os movimentos de resistência.
d) o poeta caracteriza o momento de opressão através de alegorias de forte poder de impacto.
e) “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes que garantem a paz social experimentada.
Leia o poema para responder as duas seguintes quest

Questão 10 - (ENEM/2006)
 
No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte da cena:

1Não se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. 4Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de 7alforria?
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou.  Bem, bem. Não era preciso barulho não.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91.ª ed.
Rio de Janeiro: Record, 2003.

No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no vocabulário. Pertence à variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:
a)     “Não se conformou: devia haver engano” (.1).
b)    “e Fabiano perdeu os estribos” (.3).
c)     “Passar a vida inteira assim no toco” (.4).
d)    “entregando o que era dele de mão beijada!” (.4-5).
e)    “Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou” (.11).


Risco

Um poema livre
da gramática, do som
das palavras
livre
de traços

Um poema irmão
de outros poemas
que bebem a correnteza
e brilham
pedras ao sol

Um poema
sem o gosto
de minha boca
livre da marca
de dentes em seu dorso
Um poema nascido
nas esquinas nos muros
com palavras pobres
com palavras podres
e
que de tão livre

traga em si a decisão
de ser escrito ou não

DITIRAMBO
Meu amor me ensinou a ser simples
Como um largo de igreja
Onde não há nem um sino
Nem um lápis
Nem uma sensualidade



Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro


Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
-Sois cristão?
-Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
-Sim pela graça de Deus
Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval


O capoeira
— Qué apanhá sordado?
— O quê? —
Qué apanhá?

Pernas e cabeças na calçada.



        
 Balada de Esplanada

Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador



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