Risco
Um poema livre
da gramática, do som
das palavras
livre
de traços
Um poema irmão
de outros poemas
que bebem a correnteza
e brilham
pedras ao sol
Um poema
sem o gosto
de minha boca
livre da marca
de dentes em seu dorso
Um poema nascido
nas esquinas nos muros
com palavras pobres
com palavras podres
e
que de tão livre
traga em si a decisão
de ser escrito ou não
Um poema livre
da gramática, do som
das palavras
livre
de traços
Um poema irmão
de outros poemas
que bebem a correnteza
e brilham
pedras ao sol
Um poema
sem o gosto
de minha boca
livre da marca
de dentes em seu dorso
Um poema nascido
nas esquinas nos muros
com palavras pobres
com palavras podres
e
que de tão livre
traga em si a decisão
de ser escrito ou não
DITIRAMBO
Meu
amor me ensinou a ser simples
Como
um largo de igreja
Onde
não há nem um sino
Nem
um lápis
Nem uma sensualidade
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
-Sois cristão?
-Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
-Sim pela graça de Deus
Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
O capoeira
— Qué apanhá sordado?
— O quê? —
Qué
apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
ATIVIDADES
(Enem/2006)
Erro
de Português
Quando
o português chegou
Debaixo
de uma bruta chuva
Vestiu
o índio
Que
pena!
Fosse
uma manhã de Sol
O
índio tinha despido
O
português
Oswald
de Andrade. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1978.
O
primitivismo observável no poema acima, de Oswald de Andrade, caracteriza de
forma marcante
A)
o regionalismo do Nordeste
B)
o concretismo paulista
C)
a poesia Pau-Brasil
D)
o simbolismo pré-modernista
E)
o tropicalismo baiano.
MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA.
Oswald de Andrade: o culpado de tudo. 27 set.2011 a 29 jan. 2012. São Paulo:
Prof. Gráfica. 2012. (Foto: Reprodução)
O poema
de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao
futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos
versos constituem :
a ) direcionamentos
possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.
b) forma
clássica da construção poética brasileira.
c) rejeição
à ideia do Brasil como o país do futebol
d) intervenções
de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética
e) lembretes
de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.
9)
(Mack-2007) Considere as seguintes afirmações acerca
da poesia
modernista brasileira.
I. Valorizou
a concepção idealizada da figura
feminina.
II. No
tratamento de alguns temas, manteve um
diálogo
irreverente com a tradição literária.
III.
Recuperou a imagem da “mulher fatal”,
enaltecida
pelos clássicos, mas em versos livres e brancos.
IV. Adotou
uma linguagem prosaica, cujo ritmo
fluente
revela a marca da oralidade.
Assinale:
a) se apenas
I estiver correta.
b) se apenas
IV estiver correta.
c) se apenas
I e III estiverem corretas.
d) se apenas
I e IV estiverem corretas.
e) se apenas
II e IV estiverem corretas.
(ENEM)
“Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista
brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que
representam o pensamento estético predominante na época.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
[...]
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
[...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar,
1974)
Com base na leitura do poema, podemos afirmar
corretamente que o poeta:
Critica o
lirismo louco do movimento modernista.
b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) Propõe o retorno do movimento romântico.
e) Propõe a criação de um novo lirismo.
b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) Propõe o retorno do movimento romântico.
e) Propõe a criação de um novo lirismo.
O poema que
segue é de Oswald de Andrade. Assim, sua tarefa consistirá em analisá-lo,
tendo em vista, obviamente, que ele, assim como muitos outros, pertenceu à era
modernista, posicionando-se firmemente diante de todo um contexto, seja esse,
político, histórico e econômico. Não se esqueça de que, ao enfatizar tais
características, ajuste-as a cada verso:
Verbo
crackar
Eu empobreço de repente
Tu enriqueces por minha causa
Ele azula para o sertão
Nós entramos em concordata
Vós protestais por preferência
Eles escafedem a massa.
Eu empobreço de repente
Tu enriqueces por minha causa
Ele azula para o sertão
Nós entramos em concordata
Vós protestais por preferência
Eles escafedem a massa.
Sê
pirata
Sede
trouxas
Abrindo
o pala
Pessoal sarado
Oxalá eu tivesse sabido que esse verbo era irregular.
Pessoal sarado
Oxalá eu tivesse sabido que esse verbo era irregular.
( Enem 2013)
Tudo no mundo começou com um sim.
Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da
pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o
sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
[...]
Enquanto eu tiver perguntas e não
houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas
acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros
apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato.
Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo.
[...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que
andam por aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta
história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos
poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se
mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só
não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre
a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de
Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).
A elaboração de uma voz narrativa
peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a
obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento,
nota-se essa peculiaridade porque o narrador
a) observa os acontecimentos que
narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens.
b) relata a história sem ter tido
a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem.
c) revela-se um sujeito que reflete
sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.
d) admite a dificuldade de
escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras
exatas.
e) propõe-se a discutir questões
de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.
(Enem/2010) Após
estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou
a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa,
Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou
as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que
valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas
modernistas
A) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias,
valorizando as cores, a originalidade e os temas nacionais.
B) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de
forma irrestrita, afetando a criação artística nacional.
C) representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a
natureza, tendo como finalidade a prática educativa.
D) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas,
defendendo uma liberdade artística ligada à tradição acadêmica.
E) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando
limites de temas abordados.
(Enem- 2013)
A diva
Vamos ao teatro,
Maria José?
Quem me dera,
desmanchei em rosca
quinze kilos de farinha,
tou podre. Outro
dia a gente vamos.
Falou meio triste,
culpada,
e um pouco alegre
por recusar com orgulho.
TEATRO! Disse no
espelho.
TEATRO! Mais alto,
desgrenhada.
TEATRO! E os cacos
voaram
sem nenhum aplauso.
Perfeita.
PRADO, A. Oráculos
de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.
Os diferentes
gêneros textuais desempenham funções
sociais diversas,
reconhecidas pelo leitor c
om base em
suas
características específicas, bem como na situação
comunicativa em que
ele é produzido. Assim, o texto A diva
A) narra um fato
real vivido por Maria José.
B) surpreende o
leitor pelo seu efeito poético.
C) relata uma
experiência teatral profissional.
D) descreve uma
ação típica de uma mulher sonhadora.
E) defende um ponto
de vista relativo ao exercício teatral.
(UNIFESP)
Leia o texto a seguir e responda à questão.
Explico
ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem — ou é o homem
arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo
nenhum. Nenhum! — é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco — é
alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido. Este caso — por estúrdio que
me vejam — é de minha certa importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que
o senhor, assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe
agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava por ela — já
o campo! Ah, a gente, na velhice, carece de ter uma aragem de descanso. Lhe
agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então
era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula seu
estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças — eu
digo. Pois não é o ditado: “menino — trem do diabo”? E nos usos, nas plantas,
nas águas, na terra, no vento... Estrumes... O diabo na rua, no meio do
redemunho...(Guimarães
Rosa. Grande Sertão: Veredas.)
O
texto de Guimarães Rosa mostra uma forma peculiar de escrita, denunciada pelos
recursos lingüísticos empregados pelo escritor. Dentre as características do
texto, está:
(A)
o emprego da linguagem culta, na voz do narrador, e o da linguagem regional, na
voz da personagem.
(B) a recriação da fala regional no vocabulário, na sintaxe e na melodia da frase.
(C) o emprego da linguagem regional predominantemente no campo do vocabulário.
(D) a apresentação da língua do sertão fiel à fala do sertanejo.
(E) o uso da linguagem culta, sem regionalismos, mas com novas construções sintáticas e rítmicas
(B) a recriação da fala regional no vocabulário, na sintaxe e na melodia da frase.
(C) o emprego da linguagem regional predominantemente no campo do vocabulário.
(D) a apresentação da língua do sertão fiel à fala do sertanejo.
(E) o uso da linguagem culta, sem regionalismos, mas com novas construções sintáticas e rítmicas
(ENEM-2012)
Logia e
mitologia
Meu coração
de mil e
novecentos e setenta e dois
já não
palpita fagueiro
sabe que há
morcegos de pesadas olheiras
que há
cabras malignas que há
cardumes de
hienas infiltradas
no vão da
unha na alma
um porco
belicoso de radar
e que sangra
e ri
e que sangra
e ri
a vida
anoitece provisória
centuriões
sentinelas
do Oiapoque
ao Chuí.
CACASO.
Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
O título do
poema explora a expressividade de termos
que representam o conflito do momento histórico vivido
pelo poeta
na década de 1970. Nesse contexto, é correto
afirmar que :
a) O poeta
utiliza uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso.
b)
“morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as vítimas do regime militar
vigente.
c) o
“porco”, animal difícil de domesticar, representa os movimentos de resistência.
d) o poeta
caracteriza o momento de opressão através de alegorias de forte poder de
impacto.
e)
“centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes que garantem a paz social
experimentada.
Leia o poema para responder as duas seguintes quest
Questão 10 - (ENEM/2006)
No romance Vidas Secas,
de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o
salário. Eis parte da cena:
1Não se conformou: devia
haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se
descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. 4Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que
era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca
arranjar carta de 7alforria?
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o
vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91.ª ed.
Rio de Janeiro: Record, 2003.
No fragmento transcrito,
o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de
coloquialismo no vocabulário. Pertence à variedade do padrão formal da
linguagem o seguinte trecho:
a) “Não se
conformou: devia haver engano” (ℓ.1).
b) “e Fabiano perdeu
os estribos” (ℓ.3).
c) “Passar a vida
inteira assim no toco” (ℓ.4).
d) “entregando o que
era dele de mão beijada!” (ℓ.4-5).
e) “Ai Fabiano
baixou a pancada e amunhecou” (ℓ.11).
Risco
Um poema livre
da gramática, do som
das palavras
livre
de traços
Um poema irmão
de outros poemas
que bebem a correnteza
e brilham
pedras ao sol
Um poema
sem o gosto
de minha boca
livre da marca
de dentes em seu dorso
Um poema nascido
nas esquinas nos muros
com palavras pobres
com palavras podres
e
que de tão livre
traga em si a decisão
de ser escrito ou não
Um poema livre
da gramática, do som
das palavras
livre
de traços
Um poema irmão
de outros poemas
que bebem a correnteza
e brilham
pedras ao sol
Um poema
sem o gosto
de minha boca
livre da marca
de dentes em seu dorso
Um poema nascido
nas esquinas nos muros
com palavras pobres
com palavras podres
e
que de tão livre
traga em si a decisão
de ser escrito ou não
DITIRAMBO
Meu
amor me ensinou a ser simples
Como
um largo de igreja
Onde
não há nem um sino
Nem
um lápis
Nem uma sensualidade
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
-Sois cristão?
-Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
-Sim pela graça de Deus
Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
O capoeira
— Qué apanhá sordado?
— O quê? —
Qué
apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
Balada de
Esplanada
Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador
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